Nos primeiros anos da minha infância, a minha família morou perto de Leipzig, na Alemanha Oriental, não muito longe das fronteiras checa e polaca. Quando eu tinha 6 anos, mudámo-nos para o estrangeiro por causa do trabalho do meu pai. Morámos, primeiro, no Brasil e, depois, no Equador.

Aos 14 anos, fui enviado para um internato na Alemanha. Visto que os meus pais estavam na América do Sul, tive de aprender a cuidar de mim próprio. Por causa disso, tornei-me muito independente. Eu não me importava nada com o que as pessoas achavam da minha atitude.

Quando eu tinha 17 anos, os meus pais voltaram para a Alemanha. No início, fui morar com eles. Mas eu já não conseguia viver sob as suas regras. Aos 18 anos, saí de casa.

Eu vivia muito agitado, tentando encontrar um objetivo na vida. Analisei diversas organizações e vários estilos de vida e fiquei convencido de que a melhor coisa que eu podia fazer era usar a minha vida para explorar o nosso impressionante planeta antes de a humanidade o destruir.

Viajei de mota da Alemanha até África. Mas tive logo de voltar para a Europa para consertar a minha mota. Pouco depois, fui parar a uma praia em Portugal. Foi nesse momento que decidi trocar as viagens de mota pelas viagens de barco.

Juntei-me a um grupo de jovens que se preparava para atravessar o oceano Atlântico. Entre esses jovens, encontrei a minha futura esposa, Laurie. Primeiro, nós os dois navegámos até às ilhas das Caraíbas. A seguir, depois de uma pequena paragem em Porto Rico, voltámos para a Europa. Queríamos encontrar um barco à vela e transformá-lo num barco a motor que nos servisse de casa. Mas, depois de três meses, a nossa procura foi interrompida. Fui convocado pelas forças armadas do meu país.

Eu estive um ano e três meses na marinha alemã. Durante esse período, eu e a Laurie casámo-nos e começámos a planear a nossa viagem pelo mundo. Pouco antes do serviço militar, tínhamos comprado o casco de um barco salva-vidas.  Enquanto eu servia na marinha, comecei a transformar esse casco num pequeno barco à vela. Pretendíamos morar nele e continuar a nossa aventura pelo planeta. Foi nesse período – após deixar o serviço militar e antes de terminar o barco – que as Testemunhas de Jeová nos encontraram e começaram a estudar a Bíblia connosco.

No início, eu não via a necessidade de fazer muitas mudanças na vida. Eu já estava casado legalmente e tinha parado de fumar. (Efésios 5:5) Como o nosso plano era viajar pelo mundo, eu achava que passar a vida a observar as criações de Deus, com certeza, era algo que valia a pena.

Mas, na realidade, eu precisava de fazer mudanças – principalmente na minha personalidade. Eu era muito orgulhoso e autoconfiante e, por isso, vivia concentrado nas minhas habilidades e realizações. Eu pensava apenas em mim mesmo.

Certo dia, li o famoso Sermão do Monte. (Mateus, capítulos 5-7) No início, fiquei intrigado com o que Jesus disse sobre felicidade. Por exemplo, ele disse que as pessoas felizes são as que têm fome e sede. (Mateus 5:6) Mas eu não entendia como é que a fome e a sede podiam fazer alguém feliz. Com o estudo da Bíblia, percebi que Jesus estava a falar da necessidade espiritual, e que para satisfazê-la precisamos de, primeiro, reconhecer que temos essa necessidade. Realmente, é como Jesus disse: “Felizes os que têm consciência da sua necessidade espiritual.” — Mateus 5:3.

Depois de começarmos a estudar a Bíblia na Alemanha, mudámo-nos para França e, depois, para Itália. Onde quer que fôssemos, encontrávamos as Testemunhas de Jeová. Fiquei impressionado com o amor verdadeiro e a união que havia entre elas. Percebi que elas realmente eram uma família mundial. (João 13:34, 35) Com o tempo, eu e a Laurie fomos batizados como Testemunhas de Jeová.

Depois do batismo, continuei a fazer mudanças na minha personalidade. Eu e a Laurie decidimos navegar pela costa da África e, depois, cruzar o oceano Atlântico rumo aos Estados Unidos. Foi ali no meio do oceano, rodeado por milhares de quilómetros de água, que me dei conta de como eu era insignificante comparado com o grandioso Criador. Com bastante tempo livre (não havia muito o que fazer no meio do oceano), dediquei-me à leitura da Bíblia. Fiquei impressionado com os relatos da vida de Jesus na Terra. Ele era perfeito, com habilidades incríveis, e ainda assim nunca quis destaque. Ele não se concentrava em si mesmo, mas no seu Pai celestial.

Ao meditar no exemplo de Jesus, percebi que eu precisava de colocar o Reino de Deus em primeiro lugar na vida em vez de tentar encaixá-lo no meio de tantas coisas que eu queria fazer. (Mateus 6:33) Quando finalmente chegámos aos Estados Unidos, decidimos morar ali e concentrarmo-nos na nossa adoração.

Antes, eu confiava apenas em mim mesmo e, muitas vezes, duvidava se estava a tomar as melhores decisões. Mas, hoje, encontrei uma fonte de sabedoria infalível para me guiar. (Isaías 48:17, 18) Também passei a ter um objetivo na vida: adorar a Jeová e ajudar outras pessoas a aprender sobre ele.

Por aplicar os princípios da Bíblia, eu e a Laurie fortalecemos muito o nosso casamento. E fomos abençoados com uma linda filha que conhece e ama a Jeová.

Isso não quer dizer que tudo na nossa vida tenha sido um “mar de rosas”. Mas, com a ajuda de Jeová, estamos determinados a não desistir da nossa adoração e nunca deixar de confiar em Jeová. — Provérbios 3:5, 6.